Paralimpíadas: o que o mercado de trabalho pode aprender com elas?

03/09/2021 Por Guilherme Medeiros e Rayana Azevedo

Itália, 1960. Data e local onde os primeiros jogos de paralimpíadas ocorreram. Mas, os Jogos da forma como conhecemos hoje, iniciaram-se em Seul, na Coreia, em 1988, de maneira que o comitê olímpico começou a integrar e organizar também os jogos paralímpicos. Neste tempo, os esportes para pessoas com deficiência foram ganhando espaço e começaram a abranger dezessete modalidades que foram classificadas por tipo e grau de deficiência.

Mas a história dos jogos se iniciou muito antes, em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial. Os soldados que lutaram tiveram seus membros mutilados e, retornaram aos seus lares, com estresse pós-traumático e transtornos psicológicos, incluindo ansiedade e depressão. Dessa maneira, o esporte se tornou uma forma de reabilitação e empoderamento destes, que os faziam acreditar que ainda com uma deficiência permanente, era possível ser e fazer mais.

Essa história nos remete ao nosso presente e a falta de infraestrutura e investimento, não só no esporte, mas também nas residências, lojas, restaurantes e espaços urbanos. A lei federal 13.146 de 2015 conceitua acessibilidade como: “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação […] para pessoas com deficiência.” As paralimpíadas nos traz o que, na maioria das vezes, falta para os nossos espaços: autonomia.

O capacitismo e a dificuldade no mercado de trabalho

Conscientemente ou não, em algum momento da nossa vida, já expressamos termos ou palavras que fortalecem o capacitismo. O capacitismo nada mais é do que um preconceito com pessoas com deficiência. Ou seja, entender que a pessoa com deficiência é incapaz de realizar alguma atividade devido a essa condição. Quantas vezes você foi falar com alguém, a pessoa não escutou e você disse ‘Tá surdo?’. É inconsciente, mas a surdez é uma condição de uma pessoa com deficiência auditiva e não deve ser usada para expressar sentimentos.

Esse tipo de preconceito impacta a vida das pessoas no mercado de trabalho. A falta de autonomia, a falta de infraestrutura e a falta de adaptação do mundo atual, nos leva a pensar que uma pessoa com deficiência é incapaz de realizar certas tarefas. Porém, se pararmos e observarmos ao nosso redor, nós somos incapazes de promover acessibilidade e inclusão para estas. O conceito de acessibilidade, na NBR 9050, vem da ideia de Desenho Universal. Ele é a visão de desenvolvimento de produtos que podem ser usados por todos, não apenas para superar alguma barreira. Barreira, esta sendo qualquer empecilho que dificulta a locomoção de pessoas com deficiência, segundo a norma. Ainda assim, o mercado de trabalho tem muito para se adaptar até atingir esse objetivo.

O artigo 37 da constituição de 1988, assegura uma porcentagem de vagas de emprego para pessoas com deficiência. Contudo, ainda está longe de ser uma medida de inclusão efetiva. Empresas de 200-300 pessoas devem ter 2% do seu público com essa condição. Segundo a revista Valor: “Mercado de trabalho é pior para pessoas com deficiência” e, segundo a reportagem, apenas 28,6% estavam empregados no Brasil em 2019. E os nossos atletas paralímpicos têm muito a nos dizer quando relatam sobre suas vidas dedicadas ao esporte. Segundo Daniel Dias, ex-nadador e maior medalhista brasileiro das paralimpíadas, “temos que entender que somos diferentes, sim, mas iguais em capacidade”.

O Estadão traz uma reportagem sobre paralimpíadas e destaca uma ex-esquiadora paralímpica, Uma frase de suas frases é: “Os paralímpicos não terão êxito se não percebermos que (as pessoas com deficiência) podem sair mais livremente e que as pessoas podem mudar sua forma de pensar graças a eles”. Isso nos lembra que é uma vitória pessoas com deficiência terem a possibilidade de competir ou de estar no mercado de trabalho assegurado por lei. No entanto, a inclusão não é ser apenas uma empresa cumpridora de lei. Muito além disso, é necessário infraestrutura, e conhecimento da alta-liderança para receber e acolher esses profissionais. Não é apenas adaptação estrutural, mas também de atitudes. É treinamento e direitos iguais a todos.

A importância de empresas socialmente responsáveis

Quando pensamos em responsabilidade social, nos remete instantaneamente, à ética e transparência. Porém, é importante ressaltar a parte humana desse conceito. Uma empresa socialmente responsável busca impactar positivamente pessoas e o meio no qual esta está inserida. Para isso, utilizam-se ações que podem ser voltadas para direitos humanos, ambientais e, o assunto principal aqui, a acessibilidade. Essas iniciativas têm como foco gerar valor para os stakeholders da empresa. Mas o intuito deve ser muito maior do que contribuir para a marca: elas também impactam a sociedade.

Levantamentos realizados pela Nielsen revelam que há uma preferência do público por empresas comprometidas com questões sociais e ambientais. Na pesquisa, destacou-se que 50-55% dos entrevistados pagariam mais por um produto ou serviço de empresas com essa ideologia. Além disso, é importante ressaltar que não basta ter um discurso voltado para essas práticas. As empresas devem ter ações coerentes com os valores pregados.

Para atitudes mais práticas existem diversos exemplos. Dentre eles, ações voluntárias que promovam a saúde dos colaboradores, iniciativas que incentivem educação, saúde e cultura na comunidade em que está inserida, recrutamento responsável e diversidade. Nesse último ponto voltamos a destacar a inclusão e diversidade para pessoas com deficiência. Ainda ressaltamos que não basta apenas dar oportunidade, mas também investir em capacitações para este grupo conseguir ascensão no meio empresarial e ocupar grandes cargos. Assim, podem servir de representatividade para outros que queiram ingressar na empresa futuramente.

Como já mencionado, as empresas têm um papel fundamental nesse aspecto. Isto é, vão muito além de gerar empregos e contribuir para a economia do país. Elas têm um papel social muito importante, pois conseguem trazer esse tema para o debate. Com isso, contribuem com uma sociedade mais inclusiva e com menos preconceito.

O papel da Meta Consultoria

A Meta Consultoria é uma empresa que tem como missão ‘Fazer a diferença na vida das pessoas’. Dentro desse aspecto, não podemos deixar de lado nossa responsabilidade. Como empresa, podemos contribuir para somar forças e mudar a mentalidade das pessoas, criando ambientes mais democráticos e respeitosos.

Na nossa empresa podemos contribuir para esse tema por meio das seguintes frentes:

  • Arquitetônica: Atualmente, temos o serviço de Projeto Arquitetônico e nele incluímos a acessibilidade. Em demandas de construções do zero ou reformas priorizamos a acessibilidade. Assim, proporcionamos conforto e mobilidade às pessoas com deficiência física e garantimos construções acessíveis e maior autonomia;
  • Comunicacional: Em nossas redes sociais temos publicações sobre assuntos inclusivos. Por exemplo, artigos e mensagens sobre diversidade e respeito às diferença. Isso deve-se ao objetivo principal de informar e contribuir para uma sociedade mais respeitosa e inclusiva;
  • Metodológica: Ainda que não totalmente desenvolvida, buscamos não criar obstáculos para pessoas com deficiência. Por isso, aprendemos todos os dias como podemos evoluir e gerar espaços mais acessíveis;
  • Atitudinal: Constantemente investimos em conscientização na empresa. Somente dessa forma vamos barrar estigmas, estereótipos e exclusões de grupos minoritários.

Podemos e queremos fazer mais por pessoas com deficiência. Buscamos dar espaço e contribuir com pequenas e médias atitudes a fim de tornar o nosso meio mais inclusivo. Agora uma última dica para você: o termo correto para se referir a elas é ‘pessoas com deficiência’, ok?  Nada de errar mais!

Continuamos com a nossa missão: Fazer a Diferença na Vida das Pessoas. Identificou-se?