A relação entre o risco e o retorno de investimentos financeiros

11/01/2017 por Eduardo Henrique e Felipe Lauria

Você sabe como funciona um investimento? Vamos entendê-lo como um plano para o futuro. Você está ciente do conteúdo desse investimento e torce para que ele dê certo, afinal, trata-se do seu futuro. Mas por quê, em determinados casos, esse investimento não dá certo? Por que não há retorno? Porque existe o risco – independentemente do tipo de informação que você tenha acerca desse investimento, seu rendimento é incerto.

Essa relação entre o retorno e o risco é altamente presente no mercado. Quando um investimento é realizado, o mesmo é feito com base num possível retorno. No entanto, como um investimento surtirá efeito somente no futuro, esse retorno pode ser diferente no momento de seu resgate. O risco é um valor que funciona como termômetro para essa incerteza. Ele permite que o valor esperado em um investimento seja diferente do obtido.

Na tentativa de exemplificar essa relação, tenhamos em vista a crise econômica de 2008. Uma vez que as dívidas e hipotecas eram pagas devidamente pelos cidadãos, o mercado imobiliário, nos anos anteriores à crise, era dado como um negócio certo. Portanto, os bancos passaram a elevar o preço dessas hipotecas e de empréstimos (os chamados subprimes, financiamentos de alto risco). Também passaram a negociar com clientes economicamente instáveis, incapazes de fornecer garantias. Foi expandindo-se uma bolha no mercado imobiliário americano com base em especulações tidas como certas, e quando ela rompeu instituiu-se a crise financeira.

Podemos dizer a partir do que já foi discutido, que ocorreram na crise dois cenários: um erroneamente especulado e o real. No primeiro, os bancos especularam com base no histórico que os empréstimos e hipotecas seriam pagas. Eles visualizaram um alto potencial de retorno num investimento que aparentemente não apresentava risco. Porém, no cenário real, o retorno mostrou-se altamente instável, e o risco, bastante elevado.

Pode-se concluir então que caso fosse feita uma análise entre a relação retorno e risco na época, a crise poderia ter sido evitada. Acontece que alguns americanos puderam enxergar tal relação e perceber como o mercado estava aos poucos ruindo em falsas especulações. A história de alguns deles pode ser vista no filme americano A Grande Aposta, de 2015, dirigido por Adam Mckay. O filme aborda investidores que perceberam a bolha imobiliária a partir da análise das hipotecas e da taxa de inadimplência a elas relacionadas. Tal análise levou-os a investir contra o mercado (numa situação inédita) numa espécie de “seguro contra inadimplência”, que os deixou ricos quando a bolha estourou.

O filme mostra como é importante fazer a análise Retorno x Risco antes de realizar um investimento. Uma maneira de fazê-la é analisando a Fronteira Eficiente de Markowitz, elaborada pelo economista americano Harry Max Markowitz.

A ideia da elaboração da fronteira veio justamente da análise de retorno e riscos de investimentos aleatórios. Markowitz foi capaz de enxergar que os investimentos possuíam um valor de risco menor quando em conjunto (nos chamados portfólios). Ou seja, um investimento em portfólio tem valores de retorno e risco tais que tornam-se mais eficiente que um investimento aleatório. Com base nesses estudos, ele foi capaz de definir uma fronteira – região gráfica – na qual o retorno é máximo e o risco mínimo. Nesse caso, o investimento é o melhor possível.

Tendo em vista esse conceito de fronteira, podemos localizar alguns investimentos mais conhecidos do grande público na Fronteira Eficiente. Antes, iremos tentar explicar alguns desses conceitos.

Ações: As ações fazem parte do grupo de ativos financeiros de Renda Variável. Elas são pequenas cotas de empresas que, por alguma necessidade ou por qualquer outro motivo, realizaram a abertura de capital. Isso significa que os sócios dessas empresas renunciaram de parte ou totalidade da propriedade ao vendê-la no mercado.

O preço das ações de uma empresa varia de acordo com a demanda e a ofertas das mesmas no mercado. Quanto mais pessoas querem comprar uma certa ação, a tendência é que o seu preço suba, funcionando da mesma maneira para a situação contrária.

As formas de lucro com a compra desse tipo de ativo são: aumento do valor da ações e dividendos.

Os dividendos representam a porcentagem do lucro da empresa que são divididos entre todos os acionistas de acordo com a quantidade de ações que o mesmo possui. No Brasil, as empresas são obrigadas, por lei, a distribuir 25% dos lucros anuais através de dividendos.

Em termos de risco, comparativamente aos ativos de Renda Fixa (Letras do Tesouro Nacional e Certificado de Depósito Bancário), as ações são mais arriscadas por dependerem da variação da cotação das mesmas. Em contrapartida, elas podem oferecer oportunidades de grandes ganhos caso a empresa tenha bons resultados financeiros.

Letras do Tesouro Nacional: Esse tipo de ativo é uma forma do governo de pegar dinheiro emprestado para pagar as dívidas públicas e os juros dessas. Existem diversos tipos de Letra que são comercializados no mercado financeiro e podem ser divididos em Títulos Prefixados e Títulos Pós-fixados.

Os prefixados são aqueles que no momento da compra você sabe exatamente o quanto eles irão render caso eles não sejam vendidos antes da data de validade. Esse tipo de título é indicado se você acredita que os juros acordados serão maiores do que a taxa de juros básica da economia (SELIC).  Dentro desse tipo de título se encontra apenas a Letra do Tesouro Nacional (LTN).

Os pós-fixados rendem de acordo com o indexador à qual são atrelados. Dentro desse tipo de título estão: Tesouro Selic (LFT) que é atrelada a taxa de juros básica da economia e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTB-B) e Tesouro IPCA+ (NTB-N Principal) sendo ambos atrelados à uma taxa prefixada e ao Índice de preços ao consumidor amplo(IPCA), a famosa e temida Inflação.