Em tempos de crise, como ter Eficiência Energética em diversos setores?

06/04/2016 por Giulia Chaves

Com o país imerso em diversas crises – econômica, política e até energética – é fácil achar motivos para preocupação. Suas consequências já afetam a população. Para fugir daquilo que atinge diretamente o bolso do brasileiro, é preciso pensar em novas maneiras de economizar e ter consumo consciente em qualquer que seja o setor.

No setor energético isto se agrava pelas novas tarifas implementadas e pelo uso das termoelétricas. Estes geram maiores custos e, consequentemente, maiores cobranças ao consumidor. Além disso, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), estima-se que 10% de toda a energia gerada no Brasil, por ano, é desperdiçada por ineficiência nos sistemas elétricos. Esse valor compensaria o aumento da demanda nacional por cerca de dois anos.

Assim, a eficiência energética que hoje é uma preocupação mundial, passa a ser uma solução no Brasil. Repensar o consumo, e não só racionar energia, mas também otimizar o seu uso, é um grande passo para um uso mais sustentável e para a economia de energia. Isso pela razão de ser mais barato investir na redução do consumo do que na expansão da produção de energia.

Para ser eficiente em termos energéticos é necessário obter, no mínimo, o mesmo desempenho utilizando menor quantidade de energia. Algumas das alternativas encontradas no mercado são apresentadas a seguir divididas por setores.

1) Industrial

Este setor corresponde a 40% da demanda nacional. Sendo assim, reduzir seu consumo significa aumentar a disponibilidade de energia e diminuir impactos ambientais. É possível inclusive aumentar a produtividade e competitividade da indústria.

Para esta otimização, quatro pontos podem ser indicados como precursores da mudança:

  • Sistemas industriais – Modernizá-los permite até 60% de redução de consumo e são ações de rápida implementação. A substituição de motores antigos por novos com tecnologia de alta eficiência diminui as perdas de energia elétrica.
  • Motores dos equipamentos – Dimensionar corretamente os equipamentos evita que os motores trabalhem com potência além da necessária para não haver desperdício. Além disso, usar um motor de alto rendimento pode economizar de 20 a 30% de energia em relação a um motor tradicional.
  • Produção de vapor – Para produzir vapor no ambiente industrial são utilizadas caldeiras a gás ou elétricas. Uma solução para a redução do seu consumo é o reaproveitamento de gases de escape.
  • Climatização – A troca atualização de um sistema antigo, com 15 a 20 anos de operação, pode trazer uma economia de 30 a 50% no custo da energia elétrica. Além disso, pode acarretar na redução do custo de manutenção.

2) Empresarial

Para este setor, aumentar a eficiência energética além da economia financeira também gera maior competitividade para a empresa.

Otimizar o uso da energia neste caso implica em analisar o layout do espaço, ou seja, a disposição de equipamentos na área, e avaliar se é necessária alguma modificação. Isso pode ser feito a partir da arquitetura climática. Ela analisa, manipula e busca a harmonização do ambiente de acordo com o clima, iluminação e características naturais no local, levando em consideração conforto, impacto ambiental e consumo energético. Assim, tais empresas conseguem reduzir custos fixos, variáveis e operacionais, além de melhorar sua competitividade no mercado e a qualidade no consumo de energia.

As principais mudanças que podem ser feitas são:

  • Iluminação

    É de grande vantagem na otimização da iluminação o uso de lâmpadas do tipo LED. Com esse tipo de lâmpada é possível uma economia de quase 90% de consumo. Além disso, o tempo de vida útil é até 50 vezes maior que a lâmpada incandescente.

  • Climatização

    A troca para a iluminação de LED faz com que o calor que é transferido para o ambiente seja menor, pois a energia consumida é revertida em iluminação e não em calor, consequentemente não desperdiçando energia. Portanto, com o uso do LED, há menor consumo energia para resfriar o ambiente. Outro ponto que ajuda na climatização consciente é ter o conhecimento sobre o tempo de incidência solar e seu alcance. Assim, é possível usar a refrigeração nos horários mais quentes.

Em geral, para analisar como e quais mudanças devem ser feitas em cada caso, é necessário um relatório técnico detalhado sobre medições do consumo atual, uma comparação com as alterações propostas e a indicação das economias esperadas. Estas devem ser acompanhadas para ver se os resultados esperados se concretizam.

3) Comercial

Um dos maiores gastos de diversas empresas no setor de comércio costuma ser representado pela energia elétrica e pelo consumo de água. De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2014, lançado em dezembro do mesmo ano, o setor consome 16,3% do total dos 570 TWh/ano consumidos no país. Em 2015, esses gastos tornaram-se vilões ainda maiores visto que houve uma alta de 49% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), potencializando o aumento do custo da energia na conta de luz da maioria dos brasileiros.

De forma geral, os sistemas de climatização e iluminação dos ambientes comerciais são os principais consumidores energéticos neste segmento. Apesar disso, eles ainda não são estudados de forma a otimizar gastos empresariais. Medidas como conscientização, uso racional da energia, estudo para determinação do melhor tipo de estrutura tarifária, utilização de equipamentos como motores de alto rendimento e lâmpadas fluorescentes de alto fator de potência ajudam a mitigar despesas.

As possibilidades de redução de custos através de ações de eficiência energética no comércio são grandes,. No entanto, para que as expectativas sejam atendidas é preciso planejamento e apoio especializado.

De qualquer forma, independente da área em que se atua, ou até mesmo quando se trata de uma residência, o estudo de um uso mais eficiente da energia leva a uma economia significativa. É um investimento que traz retorno em diversos aspectos e, ao mesmo tempo, é simples de se implementar.