As lições de logística da Copa do Mundo 2018


                14/06/2018 por Vitor Gomes 

A Copa do Mundo é o evento esportivo mais televisionado do planeta, movimentando em torno de um milhão de turistas. A Rússia, sede de 2018, é o maior país do mundo em aspecto territorial, com nove fusos horários e diferentes condições geográficas e climáticas. Em questões de logística, parece impossível que um país deste tamanho consiga organizar uma Copa, certo? A resposta é não! A Rússia foi exemplo em como estruturar a logística de uma Copa do Mundo, que será exposta a seguir.

1ª lição: Escolha das cidades-sede

A Copa Mundo Mundo de 2018 contará com 12 estádios, distribuídos em 11 cidades-sedes (a capital Moscou conta com 2 estádios). Para diminuir as possíveis distâncias e durações de um translado entre cidades, escolheram-se cidades somente na parte europeia do país. Isso é benéfico tanto para os torcedores como para os jogadores, já que estes terão um menor desgaste nas viagens. Isso contribuirá para um torneio com menos lesões e mais qualidade técnica.

Além disso, sabe-se que além de querer assistir jogos de sua seleção, os turistas também viajam para conhecer as cidades. Então, resolveu-se escolher cidades importantes do território russo, como por exemplo São Petersburgo, segunda maior da Rússia, e Sochi, sede das Olimpíadas de Inverno de 2014, pois assim teria mais um fator atrativo para a visita de pessoas de diferentes cantos do planeta.

2ª lição: Transporte sem custo

Uma novidade dessa edição da Copa do Mundo é que esta contará com trens gratuitos para os torcedores. Eles poderão se locomover entre as cidades-sedes e o  transporte público será sem custo na cidade em dias de jogo. Para isso, as pessoas que possuírem ingressos devem realizar um cadastro no Fan ID, serviço de identificação que servirá como visto para os torcedores na Rússia. Com ele será possível que ela reserve seu assento no trem que deseja. No caso do transporte público nos dias dos jogos, basta apresentar o Fan ID e o respectivo ingresso da partida.

3ª lição: Infraestrutura do país

A Rússia não economizou com a infraestrutura. Já era de se esperar que houvesse um grande investimento em obras que pudessem facilitar a logística de atletas e torcedores na Copa do Mundo. Assim, o país-sede já gastou mais de 11 bilhões de euros, equivalente à aproximadamente 48 bilhões de reais. Para se ter noção do valor investido, este excedeu em 22,5 bilhões de reais o que foi gasto no Brasil em 2014.

Ao todo, foram construídos 21 hotéis. Isso evita uma superlotação nas estadias já existentes e aumenta a variedade das mesmas. Desse modo, os turistas têm mais opções de escolha conforme suas necessidades. Além desses hotéis, foram abertos 14 novos hospitais, para atender as necessidades da população local e dos turistas; e 2 estações de metrô, sem falar dos trens comprados mencionados anteriormente.

Sabendo que todas as obras de infraestrutura serão usufruídas pelos habitantes locais após o término da competição, tal investimento será muito importante considerando o médio prazo, facilitando a vida da população russa. Acredita-se que tais modificações serão um dos principais legados da Copa do Mundo para o futuro, sendo assim uma importante lição de logística a ser seguida nas próximas edições.

4ª lição: Diversidade de idiomas

Uma das principais preocupações do comitê organizador é o idioma local. O russo está longe de ser uma das línguas mais faladas ao redor do mundo. Além disso, grande parte da população russa não fala inglês ou francês. Devido a isso, na Copa do Mundo de 2018 haverá mais de 17 mil voluntários, cerca de 2 mil pessoas a mais do que em 2014, distribuídos em lugares estratégicos, como aeroportos, estações de trem e metrô, estádios e “fan zones”.

Com 176.870 inscritos no programa de voluntariado, número recorde de inscrições, a FIFA escolheu, em sua maioria, estudantes com conhecimento de diferentes idiomas. Oriundos de 112 países diferentes, eles passaram por um treinamento para exercer suas funções. Dessa forma, espera-se fazer com que o idioma não seja um entrave durante o evento. Assim, todos os estrangeiros poderão se comunicar da melhor maneira.