02/04/2020 por Clara Nogueira, João Regal e Thauan Gonçalves
“Não estou lidando com jogadores, estou lidando com pessoas. Eles têm medos, preocupam-se em falhar na frente de 80 mil pessoas. Eu tenho que fazê-los ver que sem uns aos outros eles não são nada”. A frase, dita por Josep Guardiola, treinador do Manchester City, expressa algumas características importantes: a liderança e sua sabedoria para fortalecer o trabalho em equipe.
Assim, percebe-se o quanto o futebol, esporte mais popular do país, necessita de algo a mais do que só talentos. É necessário, além de um grupo bom e unido, passar pelas mãos de um treinador, o gestor dessa equipe. Ele é responsável por trabalhar o comprometimento, qualificação e desenvolvimento de sua equipe, promovendo o bem-estar e a capacitação desses profissionais. Sua meta é torná-los aptos a entregar os resultados esperados e, por fim, alcançar seus objetivos. Mas como uma única pessoa pode tornar tudo isso possível? Como lidar com tanta responsabilidade para conseguir com que indivíduos tão singulares consigam alcançar juntos um resultado?
Veremos a seguir, com exemplos e conhecimentos do treinador Pep Guardiola, 5 dicas que te auxiliarão na gestão de pessoas:
Mantenha as pessoas motivadas
Quando a rotina se torna repetitiva e cansativa, é comum surgir um famoso fantasma: a desmotivação. Até uma equipe aparentemente organizada pode sair do eixo quando um de seus comandados externar sua insatisfação, gerando um efeito cascata no time. Um grande gestor de pessoas tem a função de perceber o problema antes que o mesmo vire uma bola de neve. Em conversas informais, o líder tem que sentir o engajamento de sua equipe e o ânimo na prática de seus ofícios.
Em um treino na sua passagem pelo Bayern de Munique, insatisfeito e irritado com o desempenho e falta de motivação dos jogadores, Guardiola paralisou a atividade após dois minutos e ordenou que os atletas corressem em volta do gramado para “refletir”. Não houve cara feia, descontentamento e nem reclamação pois ambos compravam a ideia de seu líder. Quando eles voltaram, o treino foi explicado tudo de novo e no recomeço os jogadores pareciam outros, não erravam uma jogada, muito mais concentrados e dispostos a alcançar seus objetivos.
Assim como em um time de futebol, as equipes de trabalho também passam por muitas idas e vindas de profissionais. Os motivos são diversos: melhores oportunidades, mudanças de local de moradia, falta de adaptação. O responsável pela gestão de pessoas precisa estar pronto para lidar com obstáculos e ser ágil a qualquer momento, seja planejando dinâmicas, atividades, conversas, ou quaisquer que sejam as possíveis soluções para motivar uma equipe.
Mente aberta às novidades
O fato de ter experiência e prática em determinado segmento não necessariamente significa êxito. Para alguns, a experiência gera vícios e os impede de enxergar possíveis mudanças. Já para outros, abre oportunidades e consequentemente ótimos resultados. Desta maneira, entende-se que a experiência deve estar sempre alinhada a novidades.
Todo profissional deve manter-se atento e aberto ao novo. Muitas vezes, apesar de a área de atuação de um trabalhador ser específica, é possível buscar aprendizados em outros segmentos. Essa é uma técnica utilizada por Guardiola. Ao invés de focar apenas no que envolve futebol, ele busca em outros esportes reflexões e evoluções táticas.
Segundo o mesmo, o basquete é um dos desportos em que o “jogo de posição” dos atletas é mais efetivo e por isso ele gosta de acompanhar as partidas. Também já jantou com o Grande Mestre de Xadrez e ex-campeão mundial, Garry Kasparov, no intuito de entender as complexidades do tabuleiro e expandir sua mente nas aplicações de suas ideias no futebol.
Adaptação
A mudança é algo inevitável em qualquer aspecto da vida. Por isso, um gestor também vai se deparar com algumas delas durante sua gestão. Sendo assim, ele terá que se adaptar e auxiliar a sua equipe a fazer o mesmo.
Para lidar com essas situações, é necessário a utilização de novas metodologias e habilidades para conduzir esses processos. Além disso, é essencial usar a flexibilidade e agilidade. Visto que quanto mais rápido os profissionais e empresas se adequarem às mudanças, menor será o impacto negativo delas no resultado final.
O profissional, por mais capacitado que seja, sente dificuldades ao mudar de empresa ou até mesmo de funções dentro da mesma companhia. Apesar de a existência do conhecimento teórico e experiências vividas, é preciso tempo para readaptação, para que tudo volte a funcionar normalmente.
Ao mudar para uma liga inglesa, Guardiola precisava aplicar seu modelo de jogo. Entretanto, não era possível mantê-lo com as mesmas características, já que a Premier League pedia jogos mais “verticais” e com aceleração maior quando o time possuísse a bola. O técnico espanhol encontrou dificuldade na primeira temporada. Porém, com evolução no trabalho e já adaptado às características que a liga pedia, Guardiola venceu o campeonato mais importante da Inglaterra, quebrando inclusive inúmeros recordes. O segredo? Trabalho com afinco e muito entendimento do contexto.
Retire o máximo de cada pessoa
A formação de uma equipe pressupõe a utilização de valores individuais que, somados, produzem um bom resultado coletivo. Um bom gestor deve atuar com sabedoria e escolher com competência os colaboradores certos para cada tarefa.
Para isso, o líder precisa conhecer as características das pessoas que fazem parte de sua equipe. O que passa fundamentalmente por virtudes e fraquezas, capazes de indicar em qual área cada pessoa pode render mais.
Conhecer os comandados também ajuda a posicioná-los de uma forma que respeite possíveis afinidades. Por exemplo, dois profissionais que rendem bem juntos podem ser escalados para trabalhar de forma cooperada. Ao passo que duas pessoas que não travam bom relacionamento talvez rendem mais quando afastadas. Neste caso, cabe ao gestor aparar arestas para resolver ou pelo menos atenuar o problema.
Nesse sentido, Pep Guardiola apresenta um excelente desempenho. Um exemplo que retrata esse conhecimento sobre os comandados, a busca por desempenhar a melhor função e a caça incansável na obtenção da perfeição, percebe-se no caso Fernandinho. Jogador que na Seleção Brasileira não rende bem, porém era uma peça chave na equipe de Pep, chegando a atuar em 5 posições diferentes. Muitos se sentem subjugados e desconfortáveis ao sair de sua zona de conforto. É neste momento que o líder precisa saber estimular novas responsabilidades no time e acompanhar os resultados, para incentivar quem está se saindo bem com uma nova função.
Estudo constante
Como o esporte está sempre evoluindo, o técnico sabe a necessidade de aprender sobre seu time, adversários e táticas. Da mesma maneira, as empresas enfrentam constantes riscos e mudanças, seja interna ou no mercado. Portanto, é imprescindível que um gestor esteja em constante aprendizado e sempre buscando obter o maior número de conhecimento possível.
Como já é conhecido por muitos, Pep Guardiola sempre foi muito dedicado para estudar estratégias e formas de jogar. Uma atitude que impressionou o mundo ocorreu após sua transferência para o Bayern de Munique. Ao fazer sua primeira entrevista em alemão, que é considerada uma língua extremamente difícil. Do mesmo modo, ao chegar no Manchester City, usou de forma impecável a língua inglesa. Acredita-se que o técnico, atualmente, seja fluente em 5 línguas devido valorizar uma boa comunicação com seus companheiros.
Assim como o estudo da língua lhe proporcionou uma melhor comunicação com seus comandados, para uma boa gestão de pessoas é necessário saber delegar e conhecer sua equipe. Nesse sentido, Guardiola passa diversas horas estudando os pontos fortes e fracos do seu time e aplicando da melhor maneira possível. Além disso, seu comprometimento, dedicação e presença formam uma confiança de sua equipe para com ele, facilitando com proeza sua delegação.
Percebeu como o futebol tem bons ensinamentos sobre gestão de equipe? Esse é um dos fatores mais decisivos para o sucesso no ambiente corporativo, independentemente do segmento de atuação da empresa
